Pesquisa e Inovação

Espécies invasoras ameaçam sagui-caveirinha de extinção

Pesquisa que aborda as implicações da entrada de primatas no Parque Estadual do Rio Doce é tema de novo episódio do ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Sagui caveirinha (Callithrix aurita), ameaçado de extinção
Sagui caveirinha ('Callithrix aurita') é uma espécie nativa do Parque Estadual do Rio DoceFoto: Vanessa Guimarães

O tráfico de animais e a falta de conhecimento da população, até mesmo dos agentes ambientais, pode ter potencializado a entrada do sagui-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi) e do mico-estrela (Callithrix penicillata) no Parque Estadual do Rio Doce, maior unidade de conservação e área de Mata Atlântica preservada em Minas Gerais. Essa invasão tem ameaçado o sagui-caveirinha (Callithrix aurita), nativo da região, de extinção.

O sagui-de-cara-branca e o mico-estrela costumam ser alvo do tráfico de animais para servirem como pets. Porém, devido à sua natureza selvagem e dificuldade de adaptação ao ambiente doméstico, são frequentemente soltos em áreas verdes, inclusive por agentes ambientais. Pesquisa desenvolvida pela bióloga Vanessa de Paula Guimarães Lopes, no Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, demonstra como isso ocasiona a proliferação de animais híbridos entre as três espécies, além do aumento da competição por recursos naturais entre elas. 

Conscientização
A pesquisadora encontrou apenas quatro indivíduos do sagui-caveirinha na unidade de conservação, enquanto híbridos das espécies invasoras se proliferam. A autora apresenta alternativas para combater a invasão do mico-estrela e do sagui-de-cara-branca no local e evitar a extinção do sagui-caveirinha, como a destinação dos exemplares da espécie ameaçada a centros de reprodução e o investimento na conscientização sobre o tráfico de animais silvestres.  

O trabalho foi orientado pelo professor Flávio Henrique Guimarães Rodrigues e co-orientado pelo pesquisador Rodrigo Lima Massara, ambos do Programa de Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre do ICB, além do professor Fabiano Rodrigues de Melo, da Universidade Federal de Viçosa. A pesquisa contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e das organizações internacionais Re:wild e The Rufford Foundation

A bióloga lembra que a população tem papel fundamental em ações de conservação das espécies nativas e pode contribuir para a localização dos animais. O perfil Primatas perdidos, no Instagram, recebe fotos e coordenadas de possíveis exemplares do sagui-caveirinha. 

Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência:


Vanessa Guimarães localizou apenas quatro indivíduos do sagui-caveirinha no parque
Vanessa localizou apenas quatro indivíduos do sagui-caveirinha no Parque Foto: Alessandra Ribeiro | Rádio UFMG Educativa

Raio-x da pesquisa

Título: Alienígenas existem! E estão substituindo uma das espécies de primatas mais ameaçadas da Mata Atlântica
O que é: tese de doutorado que descreve como o sagui-caveirinha (C. aurita), espécie ameaçada de extinção, é afetada pela invasão de duas espécies de primatas do mesmo gênero no Parque Estadual do Rio Doce, em Minas Gerais, e em fragmentos florestais no seu entorno.
Autor: Vanessa de Paula Guimarães Lopes
Programa de Pós-graduação: Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre
Orientador: Flávio Henrique Guimarães Rodrigues
Coorientadores: Rodrigo Lima Massara e Fabiano Rodrigues de Melo
Ano de defesa: 2023