Morre professor Marcio Baptista, da Escola de Engenharia
Aposentado em 2019, ele atuava nas áreas de recursos hídricos e hidrologia urbana e foi pró-reitor de Administração da UFMG
Morreu na última terça-feira, 23, aos 66 anos, o professor Márcio Benedito Baptista, aposentado do Departamento de Engenharia Hidráulica da Escola de Engenharia da UFMG. Pró-reitor de Administração na gestão do reitor Clélio Campolina (2010-2014), Baptista lutou, nos últimos três meses, contra complicações da recidiva e metástase de um melanoma de coroide, um câncer que acomete os olhos.
Márcio Baptista ingressou como docente na UFMG em 1991, depois de carreira na iniciativa privada e logo após tornar-se o primeiro brasileiro com doutorado pela École Nationale de Ponts et Chaussés, na França. Ainda nos anos 1990, cursou pós-doutorado no Institut National de Sciences Appliquées de Lyon, França. Ele se desligou formalmente da Universidade no ano passado, mas permanecia atuando como professor voluntário.
O professor era casado com Jane Maciel de Almeida Baptista, docente aposentada da Faculdade de Farmácia, da qual foi diretora no período de 2004-2008. Jane destaca a disponibilidade e dedicação de Márcio a alunos e colegas e o carinho com a família. “Ele era muito amoroso e delicado com todos. Era também um homem culto, lia de tudo, e manteve-se ativo, inclusive jogando tênis, até há muito pouco tempo”, ela conta. Baptista deixou duas filhas, ambas formadas na UFMG: Izabela, advogada com formação também em Letras, e Luiza, designer gráfica que vive no Canadá.
O professor Marcelo Libânio conviveu com Márcio Baptista na Escola de Engenharia por 26 anos. Libânio ressalta a especialidade do colega em tecnologias alternativas de drenagem urbana e o valor dado por ele a seu papel na sala de aula. Companheiro de Márcio em viagens e encontros de fim de semana, ele diz que o amigo participava de diversos grupos sociais. “Foi uma das pessoas mais gregárias que eu conheci, ele gostava de gente.”
Companheiro de missões na gestão da UFMG e amigo pessoal de Márcio Baptista, com quem se encontrava regularmente numa confraria dedicada ao vinho, o professor Mauro Braga, aposentado do Departamento de Química do ICEx, comenta que Baptista era “um cavalheiro, de convivência agradabilíssima, solidário e generoso”.
Cargos e livros
A atuação de Márcio Baptista foi intensa nos campos de recursos hídricos, hidrologia urbana e restauração fluvial. Na UFMG, onde se graduou em 1977, o professor titular foi também chefe de departamento e coordenador de pós-graduação e orientou inúmeros trabalhos na graduação, mestrado e doutorado. Publicou obras sobre fundamentos de engenharia hidráulica, hidráulica aplicada e técnicas compensatórias em drenagem urbana, entre outros temas.
Baptista foi consultor de empresas privadas, prefeituras e ministérios – para planos diretores de saneamento e controle de inundações, por exemplo – e membro de entidades como a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) e a International Association for Hydraulic Research. Integrou, entre outros colegiados, o Conselho de Mudanças Climáticas e Ecoeficiência de Belo Horizonte e o Conselho de Política Ambiental de Minas Gerais. Márcio Baptista ainda colaborou com a Fapemig e com periódicos como a Revista de Gestão das Águas da América Latina e a Revista Brasileira de Recursos Hídricos.