Pesquisa analisa qualidade de vida da população LGBT+
Cientistas da UFMG e Unicamp querem entender efeitos da pandemia para auxiliar políticas públicas voltadas a essa população
Pesquisadores da UFMG e Unicamp desenvolveram questionário que busca entender a situação da comunidade LGBT+ durante a pandemia da Covid-19. A iniciativa partiu, principalmente, do doutorando em Demografia pela UFMG Samuel Silva e da doutoranda em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas Fernanda de Lena, graduada em Ciências Sociais pela UFMG. Ambos são ativistas do #VoteLGBT, coletivo responsável pela ação. Desde 2016, o Coletivo vem realizando pesquisas por meio de entrevistas nas paradas do Orgulho LGBT+ de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Além de política, as entrevistas tratam representatividade e questões morais.
De acordo com Fernanda de Lena deve-se considerar que a comunidade LGBT+ é um grupo heterogêneo, que contém muitos indivíduos sem acesso à educação formal, devido ao alto índice de evasão escolar consequente do preconceito e da exclusão. Outro fator que levou ao desenvolvimento do questionário foi o estudo "Qualidade de vida relacionada à saúde e adequabilidade do sistema de saúde para lidar com as necessidades da população LGBT”, também de chamado de “Pesquisa Manas”.
O estudo foi realizado por Samuel Silva durante o seu doutorado em Demografia, sob orientação da professora da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG Kenya Noronha. Com base em pesquisas realizadas nos EUA e Europa, uma análise foi realizada com indivíduos de minorias sexuais de Minas Gerais, a fim de identificar como os estigmas afetam o atendimento dessas pessoas nos serviços de saúde.
O questionário sobre impacto de coronavírus da população LGBT+ é estruturado em 11 etapas, com questões objetivas que tratam de perfil socioeconômico, emprego, trabalho e renda, percepção e impactos do coronavírus na saúde mental e física, acesso à informação e avaliação da atuação dos gestores públicos durante a pandemia. As perguntas abrangem ainda, a repercussão de variáveis como raça e território no combate ao Covid-19. De acordo com Samuel, essa população está exposta a riscos diferenciados, pautados ainda por privilégios que influenciam no acesso ao serviço de saúde. Acesse a pesquisa.
Existe a carência de dados que forneçam um panorama acerca da qualidade de vida da população LGBT+ no contexto de pandemia, e essa escassez dificulta a cobrança de ações adequadas por parte das autoridades. Com os resultados, serão disponibilizados relatórios de forma a otimizar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para essas pessoas. As informações também serão disponibilizadas no site do coletivo #VoteLGBT, onde podem ser encontrados relatórios de pesquisas anteriores.
Equipe: Daiany Nogueira (produção); TV Brasil, Cedoc TV UFMG, Ravik Gomes, #VoteLGBT (imagens); Marcia Botelho (edição de imagens); Jessika Viveiros e Olívia Rezende (edição de conteúdo)