Saúde

Professor da UFMG explica fenômeno da interiorização de casos da covid-19

Aumento do contágio pode ter relação com a negligência aos cuidados indicados pelas autoridades de saúde

Segundo o Ministério da Saúde, a cada cinco casos confirmados da covid-19 no Brasil, dois são das capitais e três são de cidades do interior que, juntas, já contabilizam mais da metade dos óbitos pela doença. Para Geraldo Cury, professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG e coordenador da disciplina Internato em Saúde Coletiva, o fenômeno da interiorização da doença já era esperado. “Muitas cidades do interior acreditam que se tratava de um problema das capitais, logo, não adotaram nenhuma medida de prevenção ao novo coronavírus e continuaram com o comércio funcionando, aglomerações eram permitidas e o uso da máscara não foi aderido pela população”, avalia. Além da negligência aos cuidados por parte da população e das prefeituras, o trânsito entre tais cidades e a capital pode influenciar no número de casos. “Se alguém com a doença entrar em um ônibus e viaja por horas sem máscara, praticamente todas as pessoas no veículo serão infectadas. Um espirro pode atingir até oito metros de alcance sem máscara”, explica o especialista.  

Apesar do aumento recente no número de casos, existem mais de 100 cidades em Minas Gerais que não apresentaram casos de infecção pelo Sars-CoV-2.  “Várias dessas cidades impuseram barreiras de entrada para pessoas de fora, inclusive, tivemos que lidar com isso no internato rural de estudantes de medicina. Em outros casos, as medidas que conhecemos para prevenir o contágio foram muito bem aceitas pela população”, completa.

Ficha técnica: Artur Horta (produção); Otávio Zonatto (edição de imagens); Renata Valentim (edição de conteúdo).