Sem universidades não há país, afirma reitora no aniversário da Engenharia
Comemoração dos 108 anos foi marcada por homenagens a turmas formadas há 25, 50 e 60 anos e pela defesa de investimentos em educação, ciência e tecnologia
“Investir no futuro é investir na educação”, ressaltou a reitora Sandra Regina Goulart Almeida no evento que homenageou os 108 anos da Escola de Engenharia da UFMG, realizado neste sábado, 18. A preocupação com os rumos da educação pública no país pontuou boa parte dos discursos do evento, no qual foram homenageadas três turmas de graduados pela Escola. “A UFMG é um patrimônio do nosso país e do povo brasileiro e, como patrimônio, como riqueza e como legado, ela deve ser reconhecida e reverenciada”, disse a reitora.
Em sua mensagem, a dirigente pontuou o quanto a UFMG cresceu na última década, praticamente dobrando o tamanho de sua comunidade universitária e aumentando a abrangência das diversas ações realizadas em favor da sociedade civil. Essas iniciativas podem ser afetadas pelo bloqueio orçamentário imposto às Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), que compromete o funcionamento do próprio cotidiano na Universidade.
“A UFMG está de volta a patamares orçamentários de 2009, antes dessa grande expansão e desse grande salto qualitativo”, explicou. “Trata-se de um bloqueio que representa R$ 64,5 milhões a menos no orçamento de manutenção da universidade”.
O vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, ex-diretor da Escola de Engenharia, destacou que, neste momento de desafios, é necessária a participação da sociedade para a formação coletiva da Universidade que se deseja e enfatizou a relevância social e econômica da própria Escola de Engenharia, construída a partir pelas engenheiras e pelos engenheiros que nela se formaram. “Mais de 90% do conhecimento científico e tecnológico em engenharia é gerado em escolas públicas de engenharia como essa”, lembrou o vice-reitor.
Jubileus
Além dos 108 anos da Escola, que serão completados na próxima terça-feira, 21 de maio, o evento manteve a tradição de relembrar os jubileus de diamante, ouro e prata de seus estudantes, homenageando os engenheiros que completaram, respectivamente, 60, 50 e 25 anos de formados.
Para os ex-estudantes presentes, a reitora Sandra Goulart Almeida ofereceu uma homenagem, que, segundo ela, “representa de maneira muito emocionante um legado histórico que todos nós trazemos conosco: um presente de conquistas e um futuro que, mesmo em meio à turbulência dos tempos de incerteza, nos traz a crença de que somos cada vez mais relevantes e mais necessários para a constituição de um projeto de país soberano e próspero, que tem como concepção de cidadania de seu povo o direito à educação de qualidade e relevância”.
Aos ex-estudantes e seus familiares, a reitora pediu um pequeno presente: “Que cada um de vocês defenda, valorize e ampare a instituição que sempre será a sua casa”.
108 anos de reinvenção
A Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte foi fundada em 21 de maio de 1911, mas sua primeira aula ocorreu apenas no ano seguinte, no prédio localizado entre a esquina da Rua da Bahia e a Avenida do Comércio, atual Avenida Santos Dumont, onde hoje funciona o Centro Cultural UFMG.
De lá para cá, muitos marcos somaram-se à trajetória da Escola que, ano após ano, destacava-se com a oferta de um ensino técnico e social de relevância, seja na iniciativa que formou a própria UFMG, em 1927, seja na intensa participação de seus alunos na construção de Brasília, por exemplo, como lembrou Marzo Sette Torres, um dos formandos homenageados da turma de 1959.
“Com o passar do tempo, aprendemos que o concreto não é eterno”, afirmou o engenheiro. “Ele envelhece e morre se não tratado a tempo, assim como toda obra", disse Sette Torres. O engenheiro ressaltou que, neste momento de reinvenção, torna-se cada vez mais imprescindível a humildade de saber fazer perguntas às pessoas certas, dada a rapidez da evolução das relações.
O engenheiro Ricardo Prado Tamietti discursou em nome da turma que comemorava o jubileu de prata. “O mundo contemporâneo é feito de pluralismo e de diversidade. Há muitos projetos de vida legítimos, há múltiplas raças, religiões e ideologias. É preciso escolher os próprios valores e conviver em harmonia com as escolhas alheias”.
Como afirmou o diretor da Escola de Engenharia, professor Cícero Starling, “essa homenagem é uma excelente oportunidade para mostrar a todos os nossos ex-alunos o que a Escola de Engenharia tornou-se desde o momento em que eles se ausentaram e foram para o mercado de trabalho. É uma forma de dar visibilidade a essa escola pública, gratuita e de qualidade em resposta a tudo aquilo que foi investido nela e na vida dessas pessoas".