UFMG faz curadoria das celebrações dos 300 anos de Minas Gerais
Programação foi lançada nesta terça, na ALMG, com presença da reitora Sandra Goulart Almeida
“A UFMG é um dos símbolos da autonomia de um povo que sempre se declarou livre e soberano, capaz de pensar, transformar-se e projetar seu futuro”, disse ontem (terça, 10), na Assembleia Legislativa, a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida. Ela participou da solenidade em que foi lançada a programação das comemorações dos 300 anos de Minas Gerais. No dia 30 de março, a UFMG, que é responsável pela curadoria conceitual da programação geral, vai abrir oficialmente seu calendário de eventos relativos aos 300 anos.
Palestras, publicações, exposições e diversas atividades itinerantes vão inspirar não apenas a celebração do passado, mas também reflexões sobre o presente e projeções para o futuro, visando à transformação de Minas Gerais por meio de processo inclusivo, solidário, sustentável e democrático.
Sandra Goulart Almeida afirmou que o ceticismo constitutivo do povo mineiro se traduz, na universidade, pelo “espírito nato científico”. Ela exaltou a atuação das instituições públicas de ensino e pesquisa do estado e a importância do conhecimento como “um recurso que não se esgota, antes se expande e se fortalece à medida que é usado”. A reitora defendeu, mais uma vez, investimentos sustentáveis em educação, ciência, tecnologia e cultura e o esforço por “uma sociedade mais próspera e menos desigual”.
Conciliação e equilíbrio
O presidente da Assembleia, deputado Agostinho Patrus (PV), destacou a importância do trabalho conjunto com o Tribunal de Justiça de Minas (TJMG), o Ministério Público Estadual (MP), a Defensoria Pública (DP), o Tribunal de Contas (TCE) e a UFMG.
Ele ressaltou o papel do estado na construção do país, sobretudo pelas características de conciliação, moderação e equilíbrio de suas lideranças, bem como por sua vocação para a liberdade. Para Patrus, o tempo é de “transformar desafios em oportunidades”, com vistas à diversificação da matriz econômica de Minas e a redução das desigualdades sociais.
História e desafios
A UFMG foi convidada pela Assembleia a definir conceitualmente as comemorações, e essa missão está sendo coordenada pelo professor João Antônio de Paula, do Cedeplar/Face. O diretor de Ação Cultural da UFMG, professor Fernando Mencarelli, ressalta que se trata de um pesquisador e pensador talhado para contribuir muito com essa pauta, que tem como essência a reflexão sobre Minas possível no futuro a partir da sua história.
João Antonio de Paula produziu um texto curatorial que já circula entre os parceiros e vai ser publicado em livro. O material trata de diferentes dimensões da história e dos desafios de Minas, nos campos político, cultural e econômico.
Mencarelli informa que um seminário que será sediado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) vai abordar os núcleos de tecnologia de ponta em território mineiro e novas matrizes nessa direção. Uma exposição no saguão da Assembleia, elaborada por João Antônio e pelos professores Tereza Bruzzi, do Teatro Universitário, e Cristiano Cezarino, da Escola de Arquitetura, será dirigida a estudantes do ensino médio.
A programação inclui ainda, entre outros eventos, conferências do ciclo Tempos presentes, da UFMG, e um encontro no final do ano para debater a temática. Atividades promovidas regularmente pela Diretoria de Ação Cultural (DAC) – como o Festival de Inverno, a Feira do Jequitinhonha, eventos em Tiradentes e no Conservatório UFMG – estão sendo programadas em associação com as celebrações dos 300 anos de Minas Gerais. A organização da participação da UFMG é feita em conjunto pela DAC e pela Diretoria de Cooperação Institucional (Copi).
Boa política
Durante a solenidade, o presidente do TCE, Mauri Torres, citou a importância de se olhar para a história em busca de soluções para as dificuldades atuais e valorizou a contribuição da harmonia entre os poderes constituídos para o crescimento do estado. O defensor público-geral Gério Patrocínio Soares exaltou a boa política em Minas, em contraponto a problemas no âmbito nacional.
“Os 300 anos renovam a necessidade de se debater grandes temas de interesse da sociedade”, afirmou o procurador-geral de Justiça, Antonio Sergio Tonet, lembrando que as comemorações vão valorizar a defesa do patrimônio artístico e cultural. O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Nelson Missias de Morais, afirmou que Minas sempre deu lições de resistência e liberdade, mas também é exemplo de autonomia e independência entre os poderes.
Durante a solenidade foram lançados o selo postal, o carimbo comemorativo e a identidade visual dos 300 anos de Minas Gerais. Também foi exibido um vídeo comemorativo que enfatiza a diversidade do estado, seus artistas de diversas vertentes e a convivência harmoniosa entre o erudito e o popular, o barroco e o moderno, o artesanato e a inovação.