UFMG homenageia Áurea Carolina, parlamentar que mais destinou emendas para projetos da instituição
Ex-deputada federal liberou R$ 12,7 milhões no quadriênio 2020-2023; recursos correspondem a 37% do valor captado por meio desse tipo de instrumento
A ativista social e ex-deputada federal Áurea Carolina, parlamentar que mais recursos de emendas parlamentares individuais destinou à UFMG no quadriênio 2020-2023, foi homenageada pela instituição na tarde desta terça-feira, dia 10. Áurea recebeu uma placa de agradecimento da reitora Sandra Regina Goulart Almeida e do vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira em cerimônia que reuniu pró-reitores, diretores de unidades e colegas da ex-deputada.
O valor liberado pela ex-parlamentar, que optou por não concorrer a um novo mandato na Câmara Federal em 2022, representa 37,48% dos R$ 33,9 milhões captados pela Universidade com emendas parlamentares individuais durante o período. Dos valores advindos de emendas de autoria de Áurea, R$ 1,89 milhão foi liberado em 2020, R$ 1,7 milhão em 2021, R$ 2,9 milhões em 2022 e R$ 6,1 milhões em 2023.
Várias unidades e instâncias da UFMG (Faculdade de Educação, Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Escola de Arquitetura, IGC e pró-reitorias de Extensão e de Cultura, entre outras) foram contempladas com os recursos, que foram aplicados em várias frentes, como projetos de proteção às mulheres, de combate ao racismo e à violência política, de educação infantil e em programas em favor da juventude quilombola, de defesa dos direitos das populações indígenas e do acesso à água em comunidades periféricas. Áurea também liberou recursos para a reconstrução do prédio do Museu de História Natural e Jardim Botânico. incendiado em junho de 2020.
Inspiração e esperança
Durante a cerimônia – curta e marcada por momentos de emoção –, a reitora Sandra Goulart Almeida lembrou que a homenagem estava programada para o fim do ano passado, mas foi adiada por dificuldades de agenda. “Essa homenagem vai muito além do agradecimento pelas emendas liberadas. Áurea representou muito para a nossa instituição em um dos momentos mais difíceis da história das universidades. Fomos acalentados pela Áurea, uma mulher incansável em sua luta pela ciência, e ela puxou muita gente. Ela foi inspiração e esperança num contexto muito difícil”, disse a reitora, emocionada.
Igualmente comovida, Áurea Carolina, que se definiu como “fruto da educação pública”, disse que o seu mandato propôs um modelo de destinação de emendas mais democrático, com a abertura de chamadas públicas para que as várias organizações sociais, inclusive as universidades, pudessem se candidatar aos recursos mediante apresentação de projetos. “Foi um contraponto ao orçamento secreto, a esse orçamento capturado pelo legislativo”, comparou.
Em sua fala, Áurea relembrou sua passagem pela UFMG. “Minha graduação foi longa, pensei em desistir – minha mãe não deixou – e quase fui jubilada. Encontrei amparo em alguns professores para concluir o curso. Quando voltei para o mestrado, encontrei uma universidade ocupada por pessoas como eu”, disse ela, referindo-se a um corpo discente mais diversificado do ponto de vista étnico e social. No último dia 5, Áurea foi agraciada, por indicação da Fafich, com a Medalha de Honra UFMG, concedida a egressos de destaque social.
Atual diretora executiva da Nossas, organização não governamental que promove ações em defesa do direito à cidade e da justiça climática, racial e de gênero, Áurea se diz feliz com seu retorno ao ativismo da sociedade civil, condição que lhe possibilita, por exemplo, se engajar em campanhas como a Vote pelo clima, que apoia candidaturas comprometidas com a causa climática.
Trajetória
Nascida em Tucuruí (PA), Áurea Carolina de Freitas e Silva é graduada em Ciências Sociais pela UFMG e mestre no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFMG com uma pesquisa sobre a inclusão das mulheres jovens na agenda do governo federal. Áurea iniciou sua carreira na política institucional em 2016, quando foi eleita vereadora de Belo Horizonte – até então, foi a mulher mais votada da história da cidade. Em 2018, elegeu-se deputada federal por Minas Gerais, dessa vez como a mulher mais votada do estado. Em sua atuação no Congresso Nacional, Áurea inovou na representação parlamentar federal com a criação da Gabinetona, modelo de mandato compartilhado adotado desde sua passagem pela Câmara de Belo Horizonte.
Como deputada federal, Áurea Carolina integrou a comissão de cultura e defendeu comunidades atingidas pelas operações das mineradoras. Ela também colaborou com a equipe de transição do governo Lula na recriação do Ministério da Cultura.