Institucional

UFMG vai integrar rede de universidades do Brics

Instituição foi selecionada na área das ciências humanas e sociais; com a indicação, Universidade poderá se candidatar a futuras ações de fomento realizadas pelo consórcio

Reunião dos ministros das relações exteriores do BRICS no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, em abril último
Reunião dos ministros das relações exteriores do BRICS no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, em abril último Foto: Tomaz Silva | Agência Brasil

A UFMG foi uma das 20 instituições brasileiras selecionadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para compor a Rede de Universidades do Brics (Rede Brics-NU). Outras 10 universidades foram indicadas para formar o cadastro de reserva, a ser acionado no caso da desistência ou desqualificação de alguma das 20 instituições inicialmente selecionadas. A informação foi divulgada na última segunda-feira, 12, pela Capes, ocasião em que foi publicado o resultado do edital do processo seletivo de candidatura à rede.

A seleção não implica repasse de recursos às 20 instituições neste primeiro momento. A seleção é um pré-requisito para que a UFMG e as demais universidades selecionadas possam participar das futuras ações de fomento promovidas por essa rede de universidades do grupo multinacional. “As instituições pré-qualificadas receberão um certificado de pré-qualificação que as habilitará à submissão de propostas em edital de fomento a ser publicado em momento posterior”, informa-se no site da Capes.

Publicado no início de abril, o edital nº 8/2025 da Capes selecionou universidades para 11 áreas temáticas: Energia; Ciência da computação e segurança da informação; Estudos dos Brics; Ecologia e mudanças climáticas; Economia; Água e poluição; Matemática; Ciências naturais; Ciências humanas e sociais; Agricultura sustentável e segurança alimentar e Ciências da saúde. Cada instituição foi selecionada em uma área temática. A UFMG foi escolhida na área de ciências humanas e sociais.

Cooperação fortalecida
Criada em 2015, a Rede Brics-NU tem a missão de promover a cooperação acadêmica, científica e cultural entre as instituições de ensino superior dos países membros do Brics e de seus países parceiros, com ênfase no fortalecimento de parcerias institucionais e no intercâmbio de estudantes, pesquisadores e docentes. Também é papel da rede incentivar a realização de projetos conjuntos nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. As instituições participantes são representadas na rede por seus reitores de pós-graduação.

Na segunda-feira, 12, além da divulgação do resultado das candidaturas brasileiras, foi formalizada a adesão de outras novas instituições à rede. Com a atualização, o número de participantes, por país, ficou distribuído da seguinte forma: Brasil, Rússia, China e Egito, com 20 instituições cada; Irã com 19; África do Sul com 14 instituições; e Emirados Árabes Unidos e Índia com 12 instituições cada.

Segundo Francisco Figueiredo de Souza, assessor especial para Assuntos Internacionais do Ministério da Educação (MEC), a nova configuração da rede abre novas portas para parcerias. “As novas nomeações chegam em um momento de reengajamento do Brasil com a rede. Vemos a Brics-NU como uma iniciativa capaz de consolidar a diversificação das parcerias externas das instituições de educação superior brasileiras. As relações do Brasil com universidades nos países que compõem os Brics ainda apresentam relevante potencial inexplorado e serão desenvolvidas sem prejuízo a outros parceiros, alguns mais consolidados, que contribuem com as metas de internacionalização previstas nos nossos planos educacionais”, afirmou.

Encontro entre chefes de Estado do Brics e de países parceiros
Chefes de Estado do Brics e de países parceiros Foto: Ricardo Stuckert | Presidência da República

Brics: o caminho até aqui

O Brics é um grupo de países de mercados econômicos emergentes criado para fomentar o crescimento econômico mútuo e potencializar a influência geopolítica de seus membros, com atuação junto a instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC). O agrupamento também tem servido de foro de cooperação e articulação político-diplomática de países do Sul Global.

“Os objetivos do Brics incluem fortalecer a cooperação econômica, política e social entre seus membros, bem como promover um aumento da influência dos países do Sul Global na governança internacional”, explica-se no site do grupo. O grupo também visa impulsionar especificamente o desenvolvimento socioeconômico sustentável e promover a inclusão social.

O Brics é composto por Brasil, Rússia, Índia e China, seus membros fundadores, e África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Além disso, desde 2024 o agrupamento reúne países parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.

A primeira reunião do Brics ocorreu em 2006, no âmbito dos ministros de relações exteriores, no entorno da Assembleia-Geral das Nações Unidas de Nova Iorque. Já a primeira reunião de cúpula de Chefes de Estado ocorreu em 2009, na cidade de Ecaterimburgo, na Rússia. A África do Sul aderiu ao grupo em 2011. Os demais países, em 2023, durante a Cúpula de Joanesburgo.

Em 2014, foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o “Banco do Brics”. A instituição mobiliza recursos para financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. Atualmente, a instituição tem capital autorizado de US$ 100 bilhões. “O capital integralizado é de US$ 52,7 bilhões. Há 96 projetos aprovados até o momento, com total de financiamento de US$ 32,8 bilhões”, informa-se em seu site.

Desde 2023, o banco é presidido pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff. Por indicação do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Dilma foi reeleita para novo mandato à frente da instituição financeira. Putin tinha a prerrogativa de indicar a presidência do banco para o próximo ciclo, mas, em razão da guerra de seu país com a Ucrania, optou por encaminhar a recondução da representante brasileira. O mandato é de cinco anos.

Presidente da Russia Vladimir Putin a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, indicada por ele para um novo mandato à frente do NDB
Presidente da Russia Vladimir Putin a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, indicada por ele para um novo mandato à frente do NDB Foto: Kristina Kormilitsyna | Brics

Ewerton Martins Ribeiro | com Comunicação do Ministério da Educação